A Importância da Segurança Psicológica
Já aconteceu de você estar em uma reunião de trabalho em que um problema precisava ser solucionado e você, ainda que tivesse algo a contribuir, não o fez por se sentir inseguro? Pensando que, talvez, a qualidade de sua ideia pudesse ser ruim, ou que provavelmente alguém da sala já tivesse cogitado essa possibilidade, ou ainda, com receio de que você pudesse ser humilhado ou ridicularizado por ser uma ideia sem sentido ou equivocada?
Essa ruminação mental em que entramos, como se fosse uma espiral de medo em parecerem incompetentes, na maioria das vezes, está presente em culturas que não possuem o fator básico e principal para desenvolver a alta performance de times: a Segurança Psicológica.
O termo Segurança Psicológica surgiu em 1999, por Amy Edmondson, professora de liderança e gestão na Harvard Business School. Ela a define como:
“a crença de que um membro de uma equipe não será punido e humilhado por expor ideias, dúvidas, preocupações ou erros, e que a equipe está segura para assumir riscos interpessoais, onde colegas confiam e respeitam uns aos outros e se sentem aptos – até obrigados – a serem sinceros”. – Amy Edmondson
Por isso, a segurança psicológica está ligada à construção de um ambiente em que as pessoas possam ser elas mesmas, em que são estimuladas a explorarem novas ideias, sem receios de serem expostas ou julgadas por isso. Em que o medo de errar e ser punido é substituído pela perspectiva da oportunidade de aprendizado e aperfeiçoamento pela experiência.
A Realidade
É evidente que equipes que praticam a segurança psicológica possuem profissionais mais criativos, autênticos, confiantes, entusiasmados a compartilhar ideias, mais adaptados às mudanças e certamente, mais felizes.
Mas, infelizmente, essa não tem sido a realidade, nem das empresas, nem das lideranças. Ainda que pesquisas da Gallup tenham mostrado que:
Investir em segurança psicológica resultam em uma redução de 27% de rotatividade e em um aumento de 12% da produtividade.
Esse tema persiste em mostrar números críticos, como apresentado no artigo da empresa Officevibe, em que 20% dos colaboradores não se sentem seguros de se expressarem no trabalho.
Em 2012 o RH da Google decidiu realizar um estudo chamado “Projeto Aristóteles”, com 200 colaboradores, buscando investigar os principais fatores que determinavam a diferença entre equipes de alta performance e aquelas que precisavam melhorar. Após 5 anos de análises sobre as composições dos times, que levavam em consideração as personalidades, competências, históricos profissionais etc., chegaram à conclusão de que a segurança psicológica era o principal componente preditivo de sucesso nos times.
Além de ser essencial para um desenvolvimento excepcional das equipes e das organizações, essa dinâmica de troca de pertencimento permite que as pessoas sintam-se encorajadas a se arriscarem mais, a interagirem e se expressarem sem medo de serem punidas, ridicularizadas, envergonhadas, promovendo culturas mais flexíveis e adaptativas. Consequentemente, mais preparadas para o futuro.
Engana-se quem pensa que um ambiente seguro é “ser legal”, ou que seja um local em que não se enfrentam desafios e conflitos. Não é sobre isso! É sobre criar um ambiente de trabalho pautado na honestidade, respeito e empatia, em que as pessoas possam se sentir confortáveis em se colocarem vulneráveis e pedirem ajuda quando necessário. Times esses, propensos a trabalharem de forma mais inovadora.
Amy Edmondson e a Pesquisa em Hospitais
Na década de 90, Amy Edmondson chegou a essa conclusão da importância da segurança psicológica como fator de prevenção de acidentes, através de uma pesquisa que realizou, onde buscava descobrir quais eram as condições do ambiente que favoreciam o surgimento de erros de medicação em hospitais.
Porém, para se criar um ambiente de trabalho com segurança psicológica são necessárias muitas mãos, especialmente entre o RH e as lideranças da empresa. Tendo em vista que:
“Uma grande liderança é fazer com que as pessoas se sintam seguras para estarem concentradas em seus trabalhos e não na preocupação de suas próprias sobrevivências”.
Em seus estudos, a Dra. Amy destaca 04 pilares essenciais presentes em ambientes psicologicamente seguros:
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- Contribuir: a empresa estimula para que todos possam se pronunciar, exporem ideias e ações de forma igualitária?
- Desafiar: é seguro para as pessoas terem conversas difíceis, dar e receber feedback e sugerirem mudanças, ainda que para alguém de posição superior?
- Aprender: é seguro para as pessoas fazerem perguntas, arriscarem e errarem?
- Pertencer: a empresa aceita as pessoas da forma que elas são, inclusive valorizando a diversidade?
Conclusão
Apesar de a segurança psicológica ser um elemento vital para o sucesso das equipes e organizações, sabemos que não é fácil implementá-la. Especialmente, pelo fato de que se não estiver atrelada ao propósito e valor da liderança, esse trabalho acaba se perdendo.
A segurança psicológica é um bem coletivo que começa nas mãos do líder. Líderes fortes e resilientes promovem o pertencimento do grupo.
O silêncio do colaborador é algo que custa caro para as pessoas e organizações, onde comprometem a saúde, bem-estar, produtividade, criatividade e por fim os indicadores de resultados e inovação da empresa. Invista nessa mentalidade de confiança e respeito, todos saem ganhando!