Um dos maiores desafios quando se fala em felicidade corporativa está em desmistificar o tema sobre a forma abstrata de se apresentar, e compreendê-lo dentro de sua atual objetividade. Sim: o assunto é científico, pragmático, tangível e mensurável.
Como a maioria das pessoas do universo corporativo ainda acredita que ser feliz pertence ao campo filosófico, subjetivo e fantasioso, o impacto da felicidade e do bem-estar acaba sendo subvalorizado, e todos nós, como sociedade, perdemos muito com isso.
Talvez devido a esse preconceito e à falta de atualização, que as empresas estejam perdendo tanto para os números, de maneira tão vertiginosa, esgotando seus recursos mais valiosos: os seres humanos.
A crença em achar que agentes facilitadores na construção de felicidade estão ligadas aos iludidos “abraçadores de árvores”, os quais vivem em um mundo irreal, nunca esteve tão antiquada.
Aliás, justamente os que ainda pensam que felicidade é mais um papinho superficial e simplista, que se mostram mais deslocados da realidade e, por isso, absolutamente despreparados para enfrentá-la.
Não podemos confundir felicidade corporativa com uma mesa de ping-pong, uma parede colorida e uma piscina de bolinha do ambiente de trabalho…A felicidade está ligada à saúde e bem-estar das pessoas: é um efeito colateral de uma vida com sentido e propósito.
A felicidade corporativa é lucrativa sim, mas as organizações devem se conscientizar de que investir nela, antes de mais nada, é o correto a se fazer.
Felicidade é coisa séria!
Os estudos sobre a Ciência da Felicidade já comprovaram que indicadores de performance, produtividade, resultados e elementos de sucesso no geral, NÃO são preditivos de trazerem mais felicidade ao indivíduo. Mas, o inverso disso sim é verdadeiro: pessoas mais felizes são mais predispostas a terem sucesso em suas vidas.
NÃO É O SUCESSO QUE TRAZ MAIS FELICIDADE, MAS SIM A FELICIDADE QUE TRAZ MAIS SUCESSO!
Pessoas positivas escolhem avaliar a realidade sem se apegar às emoções negativas, promovendo uma mentalidade com um dimensionamento mais próximo ao verdadeiro, afinal existem, quantitativamente, muito mais coisas positivas acontecendo no dia a dia do que negativas. Esse modelo de olhar para a vida é, sem dúvida, um catalizador de bem-estar.
Não é sorte! Equipes positivas são mais engajadas, aprendem com mais facilidade, são mais criativas e inovadoras, com maior facilidade à solução de problemas, afinal possuem clareza de propósito no que fazem e, com isso, mapeiam possibilidades com maior assertividade e melhores planos de ação.
Pessoas com mindset positivo são capazes de alterar o desfecho dos cenários, porque possuem protagonismo e autorresponsabilidade. São agentes com poder de ação sobre os fatos.
Segundo pesquisas realizadas pela Harvard Business School, para cada US$1 dólar investido na felicidade dos trabalhadores, as organizações têm de $6 a 12 de retorno. Ainda com tantos benefícios, implementar a felicidade corporativa é algo que requer enfrentamento de muitos desafios.
As organizações precisam entender que cuidar da saúde mental de seus colaboradores também é se comprometer com critérios de responsabilidade social. Culturas organizacionais que consideram seus colaboradores como seres integrais e complexos, onde a vida profissional e a vida pessoal estão intimamente em fusão, tendem a serem mais sustentáveis e prósperas.
Quando as empresas proporcionam ambientes e relações saudáveis, extraindo o que há de melhor de cada um, estão na verdade investindo em seus compromissos com a sociedade, pois estão incorporando o valor em respeitar as condições nas quais ela entrega o indivíduo de volta à comunidade, após ter passado por ela. Isso é estar em congruência com critérios ESG (Environment, Social, Governance).
Qual valor sua organização entrega e impacta para o mundo?
Esses resultados são mostrados por outras pesquisas da “Harvard Business Review”, que mostram que colaboradores felizes são 31% mais produtivos, 85% mais eficientes e 300% mais inovadores. Em termos de impacto, isso resulta em 55% menos demissões e uma probabilidade 125% menor de casos de burnout.
A maior parte do nosso tempo de vida passamos trabalhando, por isso tratar desse tempo com responsabilidade é essencial para nossa sobrevivência. É sobre não esgotar os recursos, não esgotar as pessoas para obter resultados, é sobre sustentabilidade…dos negócios e dos seres humanos.
Entendermos que nosso olhar e nossas ações fazem a diferença para sermos agentes construtores de felicidade, não apenas no trabalho, mas sobretudo nele, já nos coloca à frente nessa jornada tão vital para todos.
Camila Sabino